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Um pouco de história geográfica sobre os coelhos

Foto do escritor: Heinrich Dewald ParaschinHeinrich Dewald Paraschin

Atualizado: 24 de jun. de 2020

A maioria dos autores asseguram que o coelho doméstico provém do coelho selvagem europeu que, domesticado, ajudou aos pioneiros da cunicultura na posterior criação da maioria do contingente de raças de que dispomos hoje. Porém, sua origem geográfica não está bem definida.


A Península Ibérica é assinalada como o lugar de origem, mas se ignora quase tudo sobre a pré-história do coelho, sobretudo aquilo que se refere à paleontologia dos seus ancestrais. Na Ásia apareceram vestígios pré-históricos e estima-se que tenha emigrado de lá para a Europa, seguindo as estradas das invasões humanas, instalando-se nas regiões nórdicas até a época glacial, o que teria provocado sua fuga para outros países mais quentes, como Espanha e África do Norte.


Zíngaro

No entanto, muitos escritos antigos falam desse animal doméstico ou, pelo menos, fazem alusão a ele. Os gregos da alta antiguidade não o conheceram e nem os hebreus. Acredita-se que seu verdadeiro país de origem seja a Numídia, região importante da África do Norte, e estima-se que foram os povos dessa região os responsáveis de introduzir os coelhos no continente através da Espanha, ao mesmo tempo em que emigraram para a Europa. De fato, quando os fenícios fundaram Cádis, testemunharam em seus escritos que os coelhos assediavam a cidade numa terra que eles chamaram de Hispânia, palavra de raiz hebraica que parece significar “país dos coelhos”.


Inclusive Políbio, que assistia a queda de Numância, observou os costumes desses animais com pacientes observações, descrevendo seu comportamento e explicando tratar-se de um roedor social que se multiplica facilmente, além de ser herbívoro. Políbio também anota o nome de “kyniklos” para essa espécie animal, de onde decorre naturalmente a palavra cuniculus latin Cat Ulle, chamando então a Espanha de “Cuniculosa” ou o país dos coelhos. Plínio, um século depois, também fala dos estragos que causavam nas colheitas das Ilhas Baleares, a tal ponto de provocar fome e obrigando o imperador Augusto no envio de duas legiões auxiliares para tentar exterminá-los.

Teddy Holandês Caramelo

Ainda assim, os romanos consideraram interessante este roedor, do ponto de vista culinário, e o levaram para a Itália, estabelecendo para sua criação o mesmo princípio adotado para as lebres e os produtos de caça: os “leporama”, que não é outra coisa senão que a caça protegida daquela época.


Outro país em que o coelho conseguiu se adaptar facilmente foi a França, introduzido na Idade Média pelas ordens religiosas, precursoras na prática da cunicultura. Tudo começou com os senhores feudais, que assim como os romanos, conservavam grandes extensões de terra para caça, extensões essas que se foram reduzindo aos poucos à medida que se desenvolvia a agricultura, o que levou, por tal motivo, a adotar a domesticação do coelho.


Em definitiva, podemos dizer que a Espanha foi a porta de entrada do coelho na Europa, até porque dispunha de uma grande reserva desses animais. Aproximadamente uns 270 anos atrás existiam umas 5 ou 6 raças de coelhos domésticos, ao passo que hoje podemos contar umas 50. Em vista disso, uma verdadeira seleção de raças domésticas teve seu início na metade do século XVIII, e é no fim desse período que apareceram outras várias raças provindas, seja pela seleção praticada nos coelhos comuns, seja pela aparição de mutações ou seja pelos cruzamentos.

Holandês Preto

Atualmente há cerca de 30 raças de coelhos no Brasil e outras 36 variedades. Cada espécie varia de acordo com a cor, tamanho, pelo, olho, orelha, entre outros aspectos. A pesar disso, sua história nos revela uma real e extraordinária evolução desse roedor, inicialmente selvagem, mas transformado, graças ao tempo e à mão do homem, em um animal dócil e de fácil trato, mas que requer cuidados como qualquer outro bichinho cativante e inteligente, que se apega ao dono e tem o poder de conquistar às pessoas.




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